Fonte:
Mobilidade Estadão por Marcio Curcio
Publicado em:
4 de nov. de 2022
Os pagamentos em dinheiro no transporte público de São Paulo perdem espaço à medida que aumenta o acesso à bilhetagem eletrônica. Segundo a Associação de Apoio e Estudo da Bilhetagem e Arrecadação dos Serviços Públicos de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (Abasp) 30% das passagens sobre trilhos eram pagas com cédulas e moedas em 2020. Esse porcentual caiu para atuais 19,5%.
Um dos motivos para isso foi o aumento do acesso da população à rede bancária e aos cartões. “Uma pesquisa realizada em 2021 em algumas estações confirmou o que já vínhamos observando, que 80% dos usuários já eram ‘bancarizados’”, afirma Daniel Bulha, diretor da Abasp.
O executivo recorda que todas as estações têm ao menos duas máquinas de autoatendimento que permitem a compra de passagens por débito e também a recarga do cartão Top, que pode ser utilizado no transporte sobre trilhos e também nos ônibus que circulam em municípios da região metropolitana ou entre eles e a capital paulista. Esses veículos integram a frota da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)
O cartão Top é acompanhado de um aplicativo que permite a compra de bilhetes com cartões de crédito, débito e PIX. Entre janeiro e setembro de 2022, a plataforma Top teve crescimento de 9% no montante de usuários ativos por dia. “Os passageiros têm utilizado cada vez mais os diversos canais de venda da plataforma”, informa a Autopass, empresa que desenvolveu o cartão Top e seu aplicativo em parceria com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM).
Já os passageiros dos ônibus que circulam somente na capital utilizam o Bilhete Único, administrado pela Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (SPTrans).
“Ao utilizar o Bilhete Único, eles podem pagar a passagem tanto nos ônibus quanto no sistema de trilhos (Metrô/CPTM), inclusive, fazendo a integração entre os modais com desconto”, informa a SPTrans. A secretaria recorda que, se utilizar somente os ônibus, pagando com crédito comum, o passageiro tem direito a utilizar quatro ônibus diferentes em um período até três horas. Vale dizer que o dinheiro em espécie representa apenas 5% dos pagamentos dos ônibus da capital paulista.
Novas formas de pagamento em teste
De acordo com a Abasp, existem testes com pagamento por um tipo de QR Code específico para a utilização em ônibus. Essa avaliação ocorre nos veículos que atendem à EMTU.
E, desde outubro de 2021, a SPTrans também faz testes com pagamento por QR Code em algumas linhas. O passageiro precisa instalar em seu smartphone o aplicativo SP Pass, cadastrar-se, adquirir créditos e gerar o QR Code para a leitura no validador do ônibus.
E há pouco mais de três anos a SPTrans começou também a realizar testes com a tecnologia NFC, por aproximação. “Teve início em setembro de 2019, em cerca de 200 ônibus da capital, que atendem a 14 linhas municipais. Em 2020, o serviço foi ampliado para todas as estações do Expresso Tiradentes”, informa a SPTrans. O pagamento pode ser feito por cartões de banco e outros objetos com a tecnologia NFC (celulares, relógios, chaveiros). A secretaria ressalta que essa função já deve estar desbloqueada, ou seja, precisa ter sido utilizada em alguma transação anterior.
Espaço para avançar
Apesar da quantidade de recursos disponíveis, o diretor da Abasp admite que há espaço para expandir a aplicação das tecnologias já existentes: “Tem muito a avançar no Estado de São Paulo, mas em direção ao interior. Em grande parte dos municípios não há bilhetagem eletrônica ou o que existe é obsoleto, ou por falta do QR code ou porque os cartões utilizados são menos seguros em relação a fraudes.”
Questionado sobre possibilidade de centralização de todos os transportes da capital e região metropolitana em um só modelo de bilhete ou cartão, Daniel Bulha responde que existe tecnologia para isso e que a Abasp está pronta para receber a cidade de São Paulo, mas ressalta que a arrecadação é a parte mais complexa, com diferentes tipos de contrato com as empresas de transporte, daí a dificuldade de unificação.
O diretor da Abasp recorda que o grande desafio é tratar a mobilidade urbana como algo que vai além do simples deslocamento da população. Essa mobilidade pressupõe redução dos custos operacionais, diversificação dos meios de pagamento e padronização dos sistemas de bilhetagem.
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